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"Tom Jobim é tão popular quanto Mozart!" - Até aonde a grande mídia manipula o gosto musical de uma sociedade?

"Tom Jobim é tão popular quanto Beethoven, Mozart e Rachmaninoff!" É com essa afirmação que escutei de um grande ex-professor meu, o Silvio Ferraz, no qual pessoalmente sou um grande fã, que começo esse post. É interessante falarmos um pouco das questões que geram muita polêmica dentro do meio musical. A questão de que a grande mídia "manipula" o mercado do showbusiness. Existem algumas questões que temos que levar em conta para afirmarmos algo: Não vamos negar que existe um mercado, onde existem grandes investidores, muito dinheiro e interesses. Não se pode negar que ter um grande capital e ótimos contatos pode fazer com que os caminhos sejam encurtados, claro, em qualquer ramo de negócio, porém que isso seja o motivo do sucesso, é uma grande mentira. Já vi muitas bandas surgirem com grandes investimentos, com contratos com grandes gravadoras, turnês com as maiores produtoras e nas melhores casas de shows, uma mídia de massa, presença em programas de TV de rede nacional, mas que foram grandes "furadas", não passaram de simples projetos que não tiveram continuidade porque simplesmente não agradaram, não caíram nas "graças" do grande público. Porva que o dinheiro não é o fator principal.

Popular ou Erudito??

Outra polêmica que é muito comentada e cabe uma boa discussão é que a boa música não faz sucesso. Que as grandes "besteiras" musicais são as que estão fadadas ao sucesso. Bom, não adianta colocarmos a culpa nas grandes mídias. Todo esse sistema é uma bola de neve. Grandes midias tem grande parte dos seus lucros em propagandas (o "jabar" pago pelas bandas, que existe, é ínfimo em relação aos ganhos com publicidade). Cobra mais quem tem maior audiência, é a contrapartida na hora de dar o preço por sua mídia (uma propaganda em horário nobre na globo é bem mais cara do que na Record, no mesmo horário). E para se ter uma audiência, você precisa passar o que as pessoas querem ver, por isso tudo é uma bola de neve. Tudo é um ciclo e se você expõe o que o público não quer ver, você perde audiência, por isso temos que nos perguntar até aonde vai essa grande influência? É uma questão mais cultural ou de educação? Será que em países considerados desenvolvidos existe a famosa música "besterol" ou é só aqui no nosso país? Duvido muito! Podemos culpar a falta de uma política educativa musical e o acesso primário a outros tipos de música, porém será que em um país como a Alemanha onde isso vem do berço só se faz boa música? Não creio, acho que é algo muito mais cultural e que existe a música para entreter e a música para namorar, ou seja há espaço em todos os momentos para cada manifestação cultural e musical e que classificar uma música de boa ou ruim é algo injusto.

Culpadas? Inocentes? Até aonde vai o poder da mídia sobre a música?

O que não se pode negar, é que hoje como em todos os outros meios, a música tornou-se em muitas vertentes descartável. Não creio que seja pela qualidade, mas acho que com a facilidade do acesso e o grande consumo que se faz de um mesmo "single", o tempo que vai do lançamento a maturidade, não passa de 3 meses. Vemos que a renovação é muito rápida da mesma forma que o acesso hoje é muito mais fácil e a exposição é cada vez maior. Isso cria um ciclo muito mais propício aos "meteoros" de sucesso que vemos surgir todos os momentos. Pela internet, as pessoas procuram e elegem seus novos ídolos. Hits nascem todos os dias invadindo de forma astronômica os meios de comunicação de massa, e é isso que chamo de sucesso autêntico já que, não tenho conhecimento de como as mídias sociais possam ser manipuladas, simplesmente aquilo que se destaca realmente é por vontade da maioria. É o poder do "povo". Temos ai vários grupos que não estão na grande mídia, mas conquistaram seu público fiel e lotam os lugares por onde passam, um grande exemplo é o Teatro Mágico (http://oteatromagico.mus.br/), e que se desenvolveram e passaram a serem conhecidos dentro das redes sociais tornando-se um fenômeno dentro do seu nicho de mercado. Sucessos que surgiram na rede como "Vou não quero não minha mulher não deixa não" que nasceu de um clip de amigos dentro dou Youtube. Não estamos aqui para julgar, mas não podemos negar que foi um sucesso de um cara que a 9 anos tocava em um bar pequeno e simples acompanhado do seu próprio teclado. Sorte? Acaso? Isso não sabemos mas foi resultado da vontade popular!


O Teatro mágico e Reginho - Produtos que alcançaram o sucesso pela Internet

Então músicos e artistas de plantão, tomemos atitudes mais pró-ativas. Vamos aproveitar o nosso tempo e planejarmos a melhor forma de divulgarmos nossa arte. Ninguém cria algo para si próprio. Sempre procuramos ser reconhecidos por aquilo que fazemos e nada mais gratificante que vivermos da nossa arte. Vamos aproveitar os acessos e facilidades que hoje temos com as redes sociais para divulgarmos nossos trabalhos, a tecnologia ao nosso alcance tornando a gravação de um CD possível a todos, dispensando grandes investimentos em um bom estúdio em um primeiro trabalho, e principalmente, vamos criar nossas próprias oportunidades sem esperar que a "GRANDE CHANCE" seja um fator externo, decididamente não é. A grande chance somos nós que fazemos.

Para finalizar um comentário sobre a afirmativa que comecei meu post. "Tom Jobim é tão popular quanto Beethoven, Mozart e Rachmaninoff". Sempre refleti muito nessa afirmação que o Silvio fazia nas aulas. Hoje eu a entendo da minha forma. O mercado transforma-se todo o tempo. O que é hoje não é amanhã, e temos que acompanhar e nos inserir nessas transformações. Mozart fazia a música popular para a sua época, eram as músicas tocadas nas tavernas e nos palácios do século XVIII. Hoje sua música é classificada como erudita. Tom Jobim passou pelo mesmo processo e hoje invertendo a frase posso afirmar que ele é tão erudito quanto Mozart, da mesma forma sua música se eternizou com o tempo e ele possui seu próprio espaço na história da música brasileira e mundial, porém não esta presente como uma realidade atual na grande mídia e nos comentários das pessoas. A verdadeira música popular é aquela que reflete o atual momento em que a sociedade encontra-se. É o que é popular, é o som que se escuta nos carros, nas favelas até o bairro nobre. A música popular como o proprio nome diz é a música do povo, e o povo toca e canta o que reflete o seu momento. Mozart e Tom Jobim, foram frutos da sua época, da sociedade em que viviam. Mas a sociedade muda, as pessoas mudam e a música que é o reflexo dessa sociedade modifica-se junto com a mesma. Abraços e obrigado a todos. Deixem seus comentários pois, como sempre digo, são o real motivo desse blog!!

Atemporal? Produto do seu meio? Ou simplesmente Gênio?

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2 comentários:

Unknown disse...

Legal algumas colocações Thiago (por sinal parabéns pelo blog), entretanto essa questão do "Jabá" e da Democratização dos Meios de Comunicação é bem delicada e merece um maior e amplo debate. Mas, não é difícil afirmar que uma porcentagem alta (< 95%) das músicas executadas em rádios na grande João Pessoa (exemplo) chega no consumidor final de forma imperativa! Nesse caso não só tem culpa a grande mídia, mas a cultura imposta e a NÃO democratização desses meios; aquela música está sendo tocada pq estão pagando e não pq o "povo quer" (meio que goela a dentro), dai vem aquela velha e antiga visão: desliga o som ou troca de estação, ORA! Enfim, muito pano pra manga e debate! E é legal ter espaços como este para o debate...

Valeu meu véio, paz e luz!

Maca

macaxeiraacioli@macaxeiraacioli.com

Unknown disse...

Valeu Maca, é desse tipo de comentário que o blog precisa. Comentário que leva ao debate sadio e questionamentos pertinentes! Você tem razão no seu posicionamento, porém enxergue a coisa numa maior totalidade. Não digo que a manipulação não existe, mas questiono até aonde ela vai? Mesmo falando em mercado local, você sabe que o dinheiro encurta os caminhos mas não compra o sucesso! Então isso que questiono até aonde vai o poder do dinheiro e a forca das grandes mídias na nossa escolha musical? Vamos nos questionar sobre isso!

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